Jovem desenvolve aplicativo que estimula a prática de hábitos sustentáveis através de bonificações. “A comunidade sabe a importância da sustentabilidade, mas não sabe como fazer isso efetivamente”, diz o criador do app Moeda Verde.

Pensar em ações que transformem a comunidade em um ambiente mais sustentável e digno é essencial quando o assunto é o planeta e o próximo. Caminhar, pedalar, descartar corretamente os resíduos, doar roupas e alimentos são atitudes que geram impacto coletivo. A partir dessas necessidades e como uma forma de estimular ações, Eduardo Nicoleti, com base em seu projeto de conclusão do curso de Publicidade e Propaganda da UnoChapecó, desenvolveu o aplicativo Moeda Verde, uma plataforma que te recompensa por adotar hábitos sustentáveis.
Desde novo, Eduardo já era adepto das práticas ambientais, qualidade que ele atribui ter herdado do pai. Aos 16 anos, começou a trabalhar em uma empresa de sustentabilidade. Mais tarde, na faculdade, a ideia inicial de seu TCC não era desenvolver o aplicativo, mas o gosto pela temática ambiental foi traçando esse caminho. “Na época, eu queria fazer uma pesquisa sobre o que as empresas estavam falando de sustentabilidade. Porque estavam investindo nisso, o que esperavam de retorno e o que estavam tendo de retorno”, conta Eduardo.
Entrevistando as empresas da região de Chapecó, além de conseguir sanar suas dúvidas, Eduardo foi entendendo as necessidades que elas tinham. Muitas gostariam de contribuir com projetos que envolvessem mais a comunidade de forma a incentivar práticas ambientais. “Comecei a entender também que a comunidade já sabe a importância da sustentabilidade. A grande maioria conhece o termo e sabe que os seus hábitos precisam mudar, mas não sabem como fazer isso efetivamente. Entendi que eles tinham essa dor e gostaria de ajudar”, explica.
Desse modo, Eduardo começou a desenvolver a ideia de um aplicativo unificado que ajuda as pessoas a colocarem a sustentabilidade em prática no cotidiano e ainda tem a possibilidade de receberem bonificações por isso. Até chegar a data do lançamento, dia 12 de março de 2019, uma série de testes foram necessários. Um deles consistia em uma gincana interna com 80 colaboradores de uma empresa interessada no projeto. Colocando um quadro de pontuação, os funcionários ganhavam pontos a cada vez que iam trabalhar de bicicleta ou traziam lixo eletrônico para reciclar, por exemplo. A ideia foi sendo criada assim, testando, descobrindo e aprendendo. Uma empresa terceirizada de Chapecó voltada à tecnologia desenvolveu o aplicativo.
O lançamento foi um sucesso. O primeiro dia teve um total de 1.700 downloads e o número só vem aumentando. O aplicativo funciona de forma prática. Depois de instalar no celular e fazer o cadastro, basta adotar um dos hábitos sustentáveis disponíveis. Para cada hábito você recebe uma moeda verde que pode ser trocada por recompensas.
Marina Petzen, proprietária da Estilo Verde Moda Sustentável, é uma das apoiadoras do aplicativo, mesmo que no começo essa não fosse a intenção. “No início eu recusei. Fiquei um pouco contrariada porque eu entendia que as pessoas devem ser sustentáveis por si só. Eu não acreditava que elas deveriam ser recompensadas por praticar boas ações. Uma boa ação deve ser voluntária. Mas isso mudou e o aplicativo é responsável por essa grande mudança do meu discernimento. Não é como uma recompensa simples, as pessoas não estão sendo compradas por praticar boas ações e sim sendo estimuladas a praticar através do aplicativo”, conta Marina.
Hoje o aplicativo funciona de forma local em Chapecó porque os ecopontos são garantidos quando as pessoas levam os materiais para reciclar. E, atualmente, só existe ponto de troca na região, assim como as empresas que oferecem as recompensas. O objetivo é ampliar ainda mais esse cenário. Eduardo conta hoje com uma equipe de quatro pessoas integradas à incubadora tecnológica INCTECH, além de participar de dois programas de aceleração voltados a área.
Ele pensa em levar o Moeda Verde para mais cidades. “Nós estamos agora em um processo de melhoria e mudanças. A ideia é fazer uma versão 2.0, um trabalho de expansão onde cada município vai rodar o aplicativo, com atividades personalizadas para o seu local, com os ecopontos, empresas e assim a gente vai conseguindo levar o projeto para mais regiões. Acredito que daqui a uns três meses estará rodando na primeira cidade além de Chapecó” conclui.
Modificar hábitos, trazer informação e fazer o bem ao próximo e ao meio ambiente são aspectos levantados no aplicativo. É possível ser sustentável e nossas ações geram impactos na comunidade e no planeta.
Kiara Silva