Por Chayene Ribeiro (@chaybrightlikeadiamond)
Relato de quatro brasileiros que residem na região que durante o mês de março foi o epicentro da pandemia de Covid-19
Fernando Bueno escolheu o mês de março para passar as férias no Brasil. Ele é médico residente em anestesia na Alemanha. No dia 31 de março, precisou voltar ao país em que reside e logo de início a primeira notícia: voo com escala em Roma.
Para embarcar para Roma, Fernando precisou preencher uma declaração constando o que iria fazer na Itália, que não havia sido testado positivo para Covid-19, não esteve em contato com casos confirmados, estava sem sintomas da doença e quando entrasse em território italiano obedeceria a quarentena. Mediram a temperatura, deram-lhe uma máscara e autorizaram o embarque.
O médico precisou ficar 12h no aeroporto Fiumincino. Todos, segundo ele, estavam respeitando o distanciamento social e usando máscaras. Ao chegar em Frankfurt, Alemanha, viu algumas pessoas serem barradas pela imigração. Pegou o trem e foi para casa, na cidade de Homburg.
Na cidade onde Fernando mora, a quarentena está sendo respeitada à risca. É muito difícil, diz ele, ver alguém pela rua, mesmo em horários de pico. Quando fica menos de dois metros de alguma pessoa ele leva uma bronca. É permitido realizar exercícios ao ar livre desde que a pessoa esteja sempre em movimento e não esteja em grupos. No momento, está proibido o encontro de mais de duas pessoas na Alemanha.
Para comprar alguma coisa no supermercado, poucas pessoas entram por vez, clientes precisam manter distância entre si, há vidros de proteção entre o caixa e o cliente, há álcool gel disponível nas entradas. Os hospitais estão adotando medidas emergenciais para o tratamento dos casos graves de Covid-19. A maioria das cirurgias eletivas foi cancelada, por exemplo. Médicos de vários setores estão sendo redirecionados para UTI.
Londres
Não muito longe dali, Fernando Donadel, que reside em Londres há 19 anos, vive uma situação parecida. O comissário de bordo foi liberado de suas funções para cumprir a quarentena em casa. Com horário reduzido, os supermercados e farmácias funcionam com restrições. Lá também foi permitido que os moradores do bairro saíssem para exercícios diários, mas só pode correr até o parque mais próximo e retornar para casa. Manter-se parado, ir muito longe da residência ou tomar banho de sol está proibido. Hospitais são exclusivos para emergências e Covid-19. Consultas e operações não urgentes foram canceladas.
Ele comenta que no início da quarentena as ruas estavam vazias, mas que agora as pessoas estão relaxando um pouco. Ainda assim, por ser uma cidade turística, é impressionante como tem menos pessoas nas ruas.
Logo no começo da crise na Itália, muitas empresas fecharam as portas no Reino Unido, mantendo a maioria dos funcionários trabalhando de casa, algumas empresas sofreram um baque maior do que outras. Foi o caso da empresa em que trabalha o engenheiro de software Ramon Castan. Por ser do ramo de viagens, sofreu com a crise e teve que tomar medidas de redução de funcionários drásticas.
Ramon vive no bairro Chelsea, um dos mais afetados pelo vírus, consequentemente há um maior número de internações nos hospitais locais. A maioria das movimentações na rua são para ir aos mercados, onde há filas e limitação da quantidade de pessoas no local. Ele também comenta sobre a autorização do governo da Inglaterra que permite que a população saia de casa uma vez por dia para a prática de exercícios, como caminhada ou andar de bicicleta.

Para o gerente de loja Andrey Vitorino, o isolamento foi levado a sério nas primeiras semanas, mas agora as pessoas estão voltando gradativamente às ruas. Várias medidas estão sendo adotadas, como por exemplo multas para pessoas que ainda estão circulando. Ele lembra que o clima está mudando, recém saíram de um inverno rigoroso e com a chegada da primavera o clima ficou mais quente, e isso faz com que as pessoas queiram sair mais. É normal ver parques cheios em dias ensolarados, mas as pessoas mantém o distanciamento. O policiamento também foi duplicado para poder controlar e fiscalizar tudo isso.
Andrey é gerente de uma pequena padaria e por ser comércio de alimentos está liberada para permanecer aberta. Todos os estabelecimentos que estão funcionando tem que seguir as regras impostas pelo governo: manter dois metros de distância entre todos os cliente, usar luvas e máscaras e não pode ser vendido nada além do essencial.

Todos os entrevistados seguem se prevenindo em quarentena mas com uma preocupação em comum: os amigos e familiares que estão no Brasil.
Notei que as pessoas estão relaxando a quarentena, aqui em Florianópolis. Semanas atrás quase não se via gente e carros de passeio circulando; Hoje é o contrário, vi muita gente e veículos de passeio.
Motivados pelos pronunciamentos equivocados do presidente?!
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Muito bom,termos essas informações e exemplos,pois poderiamos nos prevenir mais. Porém é lamentável que alguns brasileiros aqui,são seguidores de um presidente irresponsável e infantil.Com isso,não estão levando a sério e fazendo piadas com essa pandemia,mesmo que agora estamos apenas no início.
Abraços!
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Em São José todos estão na rua! É um absurdo, ninguém respeita nada e estou com medo.
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