Em meio a campanha política para a eleição mais importante desde a redemocratização do país, o 7 de setembro deste ano foi marcado por manifestações de apoio à candidatura de Jair Bolsonaro. Carregada de simbolismo, o atual presidente se apropriou de um discurso machista em meio a multidão de apoiadores em Brasília.
Na busca pela reeleição, o atual presidente tem recorrido à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para tentar diminuir sua rejeição entre as mulheres. Nesta quarta-feira, mais uma vez, ele colocou a esposa em constrangimento ao puxar um coro à seu favor:
“Imbrochável, imbrochável”, gritou o chefe do executivo.
Durante o feriado, o presidente ainda chamou a esposa de princesa e a comparou com outras primeiras-damas. “Eu tenho falado para os homens solteiros, procurem uma mulher, uma princesa e se casem com ela para serem mais felizes ainda”, falou Bolsonaro antes de dar um beijo em Michelle.
“Isso é muito comum em homens machistas que quando estão no meio de amigos, agarram a mulher e a beijam como prova de que são machos. É como se elas fossem a declaração de masculinidade dele, como se elas não fossem indivíduos, como se o desejo ou a vontade delas não contasse para nada. Isso é uma desqualificação imensa e, infelizmente, é comum acontecer. Mas é assim, quando um presidente faz uma coisa dessa, ele está dando uma autorização para esse tipo de comportamento” afirma a historiadora Joana Maria Pedro.
Segundo a historiadora, Renata Cavazzana, a situação coloca os direitos das mulheres em cheque.
“A gente está vivendo em um contexto de avanço do conservadorismo no Brasil e também no mundo de forma geral. A nossa briga agora é muito mais para manter os direitos que conquistamos”, analisa Renata Cavazzana, também historiadora.
“Eu acredito que não teve nenhum momento na história que os nossos direitos enquanto mulher não tivessem sido questionados. Essas lutas são permanentes, a gente precisa ficar atento o tempo todo”, analisa.
*Diane Bikel, com supervisão dos professores Helena Iracy Santos Neto e Roberto Forlin, para o Estágio Supervisionado em Produção Jornalística do Campus Pedra Branca