Candidato do Avante, Luciano critica a falta de planejamento das últimas gestões e acredita ser a mudança que a cidade necessita.
O candidato a prefeito, Luciano Pereira, tem 49 anos, é natural de Palhoça, funcionário da Secretaria de Saúde concursado há 28 anos, tem formação superior em gestão pública pela Uniasselvi. Ele foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Município de Palhoça (Sitrampa) por 3 anos, de outubro de 2013 a março de 2016.
Luciano defende mudanças na cidade de Palhoça, acredita que a cidade cresceu de maneira errada, sem um planejamento. Por isso, sofre tanto atualmente em áreas como mobilidade urbana, saúde, educação e segurança.
O Jornal Laboratório Fato&Versão está publicando uma série de entrevistas com os candidatos à prefeitura de Palhoça, com uma conversa por dia com cada candidato desde o dia 27 de outubro. As entrevistas são publicadas em ordem alfabética com as perguntas e respostas produzidas pelos candidatos ou suas assessorias. Hoje a entrevista é com Luciano Pereira, do Avante, e amanhã com Rangel Medeiros, do PSOL.
F&V – O crescimento de Palhoça nos últimos anos foi benéfico ao município? Como transformar este crescimento em algo bom para a cidade?
Luciano Pereira – Não, o crescimento foi bom para Palhoça. Ela tinha o título de cidade dormitório, onde as pessoas trabalhavam fora e vinham para cá para dormir. De 2004 para cá ela vem crescendo muito, a população praticamente dobrou de tamanho, mas ela cresceu de forma desordenada. Principalmente no que diz respeito às estradas e loteamentos que foram construídos.
Todo crescimento traz uma preocupação para a administração porque junto com o ele vem as pessoas. As pessoas chegam ao município e utilizam as unidades de saúde, as escolas, as creches. Elas usam praticamente o serviço público, geralmente são pessoas que não podem pagar colégio particular, utilizar plano de saúde. Então acaba o poder público absorvendo essas pessoas, por exemplo, o transporte coletivo não acompanha o crescimento. Hoje um bairro que tem 3 mil pessoas, com um empreendimento grande, ele passa a ser 4 ou 5 mil e as pessoas estão utilizando o transporte coletivo. Então é planejar, todas as cidades que crescem têm que planejar junto.
F&V – Quais são essas “coisas” a se fazerem?
Luciano Pereira – Temos que criar vias alternativas, incentivar o comércio local e isso ajuda muito para a questão da mobilidade, investir em novas linhas de ônibus. Os ônibus interbairros, ciclofaixas, isso é fundamental, incentivar o transporte alternativo aqui no município. É um trabalho árduo. O transporte coletivo sem estrada ele não anda, ele vai ficar preso fila. Isso é fato comprovado que ou se constrói corredores exclusivos para ônibus ou transporte coletivo vai perder para o carro. A Jotur tem que investir na frota, porém não tem segurança contratual. A Jotur está em um mandato tampão. Esse contrato já acabou há muito tempo, ela vem renovando a cada ano, isso não dá mais para aceitar, precisamos abrir uma licitação, se a Jotur ganhar, parabéns, se não ganhar que outros entrem e tentem investir no transporte coletivo.
F&V – Com o aumento do número de pessoas, as taxas de violência da cidade também cresceram. Como você enxerga os movimentos da prefeitura em relação a este aumento e o que poderia ser feito em relação ao crescimento da violência?
Luciano Pereira – A prefeitura investiu muito pouco em segurança pública. Nós durante o meu mandato, batemos muito em instalações de câmera de segurança. É uma maneira de estar cuidando do município, sem a presença física, uma sala de monitoramento já ajuda muito a polícia militar. Ao longo dos anos venho tentando desenvolver isso aqui em Palhoça. Mas, infelizmente, essa administração atual não teve os olhos voltados à segurança pública.
F&V – Sobre educação, como melhorar e evoluir este ponto para Palhoça? Por exemplo, a cidade ficou muito atrás de Florianópolis no acesso que promoveu aos alunos durenta a quarentena.
Luciano Pereira – Eu sou um crítico da educação de Palhoça. Os profissionais da educação são ótimos, professores, merendeiras, assistente, técnicos pedagógicos, entre outros. Mas, infelizmente, a política de educação aqui no município é deficitária. Ao longo destes 8 anos desta administração não construíram nenhum colégio, pouquíssimas creches, criaram poucas vagas e hoje o município cresce, como vem crescendo, ele fica deficitário, principalmente número de vagas, tanto para a educação Infantil, quanto para a fundamental. Palhoça ficou muito atrás. Sobre as aulas on-line, a preparação dessas aulas para que pudessem chegar na casa dos alunos. O Estado saiu na frente, alguns municípios. Palhoça demorou muito, mas isso é falta de gestão. Eu culpo a secretaria, não tenha dúvida nenhuma, foi a única culpada disso, assim como pela falta de vagas em escolas e creches. Nós temos conhecimento de vários alunos estudando em Santo Amaro, estudando em São José, porque não tem vaga.
F&V – O que pode ser feito para aumentar o número de vagas e na qualidade do ensino?
Luciano Pereira – Primeiro nós temos várias escolas com muito terreno, pouca área construída e temos a possibilidade de aumentar o número de salas de aula. Também vários terrenos públicos, que podemos construir novas creches e novas escolas. Eu tenho muito carinho por um modelo de pequenas escolas, as escolas pequenas geralmente são as que têm mais qualidade no ensino, os diretores, os professores conhecem os alunos pelo nome, os pais conhecem os alunos e os alunos conhecem os pais. Então o modelo de escola pequena que a nossa administração vai adotar, se chegarmos, para as creches. Não tem outra maneira de aumentar vaga senão a construção de novas creches e convênios com creches particulares, com as creches conveniadas que são o centro comunitário, um repasse maior de verbas para eles.
F&V – A Palhoça é conhecida muito pelo seu meio ambiente. Como não deixar que este crescimento acelerado interfira neste importante aspecto da cidade?
Luciano Pereira – Primeiro é o saneamento básico. O atrativo aqui da nossa região são as praias e o mar. Se poluirmos esse mar, matou a galinha dos ovos de ouro de Palhoça. Então o saneamento é urgente, é uma bandeira a ser levantada por qualquer prefeito que entrar. Palhoça não tem possibilidade de aporte financeiro. Nós temos que procurar parcerias públicas e privadas, empresas que invistam em saneamento para que a gente possa começar a pensar o Meio Ambiente. Intensificar a fiscalização por parte da FECAM é fato. Nós temos que fazer para frear as invasões nas áreas de mangue, restinga, até na Mata Atlântica que a gente sabe como vem sofrendo muito ataque.