“Crescemos de forma desordenada e com planejamento zero”, diz o candidato a prefeito de Palhoça, Jailson Rodrigues, contestando as condições de expansão de Palhoça. Jaílson é o candidato do Partido dos Trabalhadores no município, que também tem um petista como vice e é mais uma candidatura sem outros partidos na chapa majoritária.
A Palhoça é a cidade que mais cresce em Santa Catarina. Você provavelmente já deve ter escutado isso em algum lugar. Mas de onde veio esta afirmação, ela tem algum fundo de verdade? Segundo estimativa do IBGE, o município teve um aumento de 38 mil pessoas nos últimos dez anos, chegando a 176 mil habitantes atualmente. Mas só o crescimento populacional não significa muita coisa e sim o que ele representa.
Por isso, o maior desafio dos gestores de Palhoça é pensar em um planejamento que proporcione à cidade a infraestrutura necessária para gerar e acelerar todos os processos na mesma velocidade da expansão habitacional. Não deixando de lado as questões ambientais, importantes para a cidade.
Para falar um pouco sobre as demandas e como a cidade tem que se adaptar às mudanças, conversamos com o candidato a prefeito de Palhoça pelo PT, Jailson Rodrigues, de 45 anos. Natural do bairro da Enseada de Brito e estudante de Direito, o candidato, suplente a vereador nas últimas eleições, discute sobre como faltou planejamento à cidade nos últimos anos e a respeito da necessidade de um Plano Diretor para o munícipio.
Jaílson Rodrigues é o segundo entrevistado da série com candidatos a prefeitura de Palhoca em 2020. O fato&Versão publicou a entrevista com o candidato Ivon de Souza (PSL) ontem e amanhã posta a conversa com Jean Negão (Patriotas).
F&V – Como você enxerga o crescimento econômico, estrutural e no número de habitantes que ocorreu em Palhoça nos últimos anos?
Jaílson Rodrigues – Vejo com muito receio e preocupação, uma vez que esse crescimento veio de forma desordenada e com planejamento zero. Como era a bola da vez para o mercado imobiliário, o número de loteamentos autorizados pela prefeitura deu, sim, um salto em quantidade em detrimento da qualidade. Não foram criadas, planejadas vias de ligação entre os bairros, nem tampouco vias de alívio de tráfego ou acesso rápido a outros municípios. Tudo ficou e ainda está aguardando o rodoanel, o que é muito pouco para um município do tamanho e importância de Palhoça para a região da Grande Florianópolis.
F&V – Como transformar este crescimento em algo positivo e não deixar que ele afete o fluxo da cidade, tanto em questão de mobilidade urbana como na questão da violência?
Jaílson Rodrigues – A criação de um novo Plano Diretor para o município se faz urgente. Mudança na regulamentação e liberação de novos empreendimentos imobiliários devem ser pensados dentro do contexto da mobilidade urbana, mas também levando em conta os impactos ambientais dos mesmos, uma vez que as belezas naturais do município são afetadas com o crescimento populacional. Mas de nada adianta planejar a mobilidade urbana de forma isolada. As estruturas modais devem estar em consonância com os demais municípios da região e que são limítrofes de Palhoça. Pensar de forma isolada teria o potencial de resolver a dificuldade dentro do município, mas manteria o fluxo preso nos gargalos das vias que ligam os municípios vizinhos, ou seja, não resolveria o problema. Quanto à segurança, a gestão municipal deve monitorar o crescimento da desigualdade social criada pelo crescimento desordenado da população. Este abismo social fica cada vez mais evidenciado nos dias de hoje, com o surgimento de bairros e assentamentos irregulares dentro do município. E não basta demolir habitações e desabrigar invasores. Há famílias ali que abriram mão de tudo para tentar a sorte em uma cidade em franco crescimento. É dever da gestão pública atuar na redução desses danos, sendo presente na vida das pessoas, para que as mesmas não sejam largadas à própria sorte e encontrem na criminalidade a saída por uma má escolha.
F&V – A Palhoça é muito conhecida pela sua beleza natural como as montanhas e as praias. Como trabalhar para não perder essa identidade com o crescimento do município? Como crescer de maneira sustentável?
Jaílson Rodrigues – Com o desenvolvimento de um plano diretor que alie o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental.