Para comemorar o Dia das Crianças, projeto percorre o país e transforma lixo em brinquedos

Lixo plástico retirado das praias de seis estados brasileiros serão usados para fazer cerca de 5 mil brinquedos para crianças.

Iniciativa que começou no Farol de Santa Marta, em Laguna, no dia 21 de setembro deste ano, pretende ir até Fernando de Noronha, em Pernambuco. Reaproveitando os resíduos plásticos que seriam descartados em aterros sanitários e transformado-os em brinquedos que serão distribuídos a projetos, instituições e escolas de cada região onde aconteceu o trabalho de limpeza. 

Felipe Oliveira, coordenador da ONG ECO Local Brasil, responsável pelo projeto, conta que o processo de reaproveitamento começou em março deste ano com ações da instituição e de projetos ambientais parceiros. “Já foram mais de 1500 distribuídos de Laguna até Maresias em São Paulo. Agora, nosso projeto ganhou uma proporção maior para comemorar o Dia das Crianças.”

Lixo coletado em ação de limpeza na praia. Foto: @ecolocalbrasil

Ele explica que cada brinquedo pesa em média 30 gramas e que, no total, já foram recolhidos cerca de 300 quilos do plástico usado na confecção da matéria prima necessária para a criação destes objetos. Com isso, daria para produzir cerca de 10 mil brinquedos. A ideia é que, após essa primeira ação de Dia das Crianças, uma nova seja realizada para entregar mais brinquedos até o Natal. 

O gestor ambiental que atua na região de Palhoça, Leonardo Quint, auxilia na parte operacional das ações aqui no Sul. Através da ONG que coordena, Palhoça Menos Lixo, promove mutirões de limpeza para realizar a primeira parte desse processo de transformação, a coleta.

Quint explica que antes eles conseguiam apenas realizar a retirada desses resíduos da áreas ambientais, sem ter o melhor reaproveitamento, com boa parte tendo que ir para os aterros. Agora, com a iniciativa da ECO Local Brasil de resíduo zero, conseguem fazer o lixo passar por todos esses processos até virar matéria prima para criação de algum produto.

Além de participar da coleta, Leonardo também contribui na hora da entrega, que devido à pandemia, não tem sido feita diretamente às crianças. Os brinquedos são levados para projetos e lideranças comunitárias em vários locais do Brasil, que fazem a distribuição. O gestor ambiental ressalta que o projeto é mais do que distribuir um brinquedo para as crianças. “É importantíssimo poder mostrar para elas e para toda a sociedade como isso acontece. Não só a transformação desses resíduos que estavam no meio ambiente em produtos novos, mas todo o processo pelo qual ele passa e o ciclo que ocorre”, diz.

Nesta ação de Dia das Crianças, os resíduos transformados em matéria prima viram peças para montar carrinhos de plástico ou baldes para brincar na areia. Porém, Felipe explica que as possibilidades de transformação desse material são diversas, desde lixeiras, até mesas plásticas.

Brinquedo criado a partir de lixo plástico retirado de praias. Foto: @ecolocalbrasil

O coordenador destaca que o objetivo não se resume apenas a realizar a limpeza de áreas ecológicas e fazer o reaproveitamento do lixo. Mas parte fundamental é conscientizar a população e levar informação para essas pessoas, mostrando que esses resíduos podem ser transformados em algo útil. “Isso pode gerar impacto econômico se bem aproveitado”, diz.

“As pessoas que começam a entender esse tipo de processo de reaproveitamento ganham um outro segmento de mercado. Porque existem cadeias prontas de reciclagem, através das cooperativas e usinas de reciclagem, que hoje detém a matéria prima reciclada no país. Então quando a gente começa a trabalhar com esse processo de reaproveitamento e não de reciclagem, isso gera uma renda”.

Dados de um estudo realizado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), em 2019, aponta que o Brasil é o quarto país que mais produz lixo, mais de 11,3 milhões de toneladas. Desse total, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%), mas apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas. Um dos menores índices da pesquisa e abaixo da média global de reciclagem plástica, que é de 9%.

Ainda segundo o estudo, mesmo passando por usinas de reciclagem, há perdas na separação de tipos de plásticos. No final, o destino de 7,7 milhões de toneladas do material são os aterros sanitários e outros 2,4 milhões de toneladas são descartados de forma irregular, em lixões a céu aberto. E essa poluição gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global.

Selo que certifica a procedência dos brinquedos. Foto: @ecolocalbrasil
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