Professoras de pré-vestibulares populares enfrentam novos desafios em tempos de pandemia

As professoras preparam estudantes para o Enem e os demais vestibulares, enquanto buscam estratégias para manter os alunos interessados e aprendendo.

O último ano é tradicionalmente um período de ansiedade para os estudantes do Ensino Médio. Ao concluir o ano letivo, como vestibulandos, eles começam a prestar uma bateria de provas que começam em novembro, com o objetivo de  ingressar no ensino superior. Entretanto, com a pandemia do coronavírus, essa ansiedade se tornou ainda maior, permeada pelas incertezas de como vão ficar as datas das provas e pela interrupção das aulas presenciais. “O cursinho basicamente nem chegou a ter aulas presenciais esse ano”, disse  Lívia Tudela Del Mastre, 19 anos, coordenadora e jovem professora do Gauss Pré-Vestibular, um projeto de extensão da UFSC, realizado pelos graduandos e graduados da universidade, que tem o objetivo de oferecer aos alunos de escolas públicas um cursinho gratuito e de qualidade. 

No momento as aulas são on-line. Lívia explica que foi realizado um questionário com os alunos, perguntando como está a experiência de estudar em casa. Foi perguntado se o aluno está  tendo aulas à distância através de sua escola ou algum outro tipo de atividade. Também foi verificado junto aos alunos se a rotina em casa, na quarentena, teve alguma mudança e como é o acesso deles à Internet. No questionário, alguns alunos alegaram não ter um ambiente calmo para estudar. Também foi mencionada a dificuldade de se concentrar e o fato de terem que ajudar nas tarefas de casa. Alguns sentem dificuldade de se organizar para acompanhar as aulas e têm acesso ao material apenas pelo celular. “O que mais senti sobre o que eles falaram é a respeito da organização e do psicológico para conseguir manter a cabeça no lugar, mesmo com todas as mudanças e o caos, e acompanhar todo o conteúdo disponibilizado”, diz Lívia.

A jovem professora comenta que também tem sentido dificuldades na organização e no rendimento para preparação das aulas, além de ter que adequar as aulas para esse novo formato. “Tenho gravado vídeos no site Loom. Mas se, enquanto estou gravando, a minha internet cai,  tenho que começar novamente a gravação, desde o início”, disse ela. Para Lívia, a dificuldade é o contato com os alunos e saber se eles estão mesmo acompanhando as explicações e acompanhando o conteúdo. “Em uma aula presencial, olhando na carinha deles às vezes podemos identificar quem está entendo e quem está com dúvidas”, diz Lívia. Agora, a professora tem que esperar os estudantes se manifestarem na plataforma ou entrar em contato com eles, mas isso nem sempre acontece. “Como é meu primeiro ano como professora no cursinho, existem conteúdos que não tenho como saber se está ficando realmente clara minha explicação”, conta a professora. 

Na quarta-feira (20), foi anunciado o adiamento do ENEM, de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais. Lívia disse que ainda não sabe se acontecerá alguma mudança no cronograma das aulas. “Acredito que continuaremos com as aulas e, conhecendo os professores, acredito que concordam. Conhecimento nunca é demais e se for agora ou depois, uma hora o Enem irá ocorrer e queremos que eles estejam preparados”, disse ela. 

Enem 2020
Foto: Leticia Schlemper

Quem também está se preparando é o cursinho Einstein Floripa. Esse curso é um pré-vestibular gratuito voltado para pessoas de baixa renda da região da Grande Florianópolis. Nesse cursinho, aulas acontecem de forma diferente. Segundo, Isabella Flud, 23 anos, que é professora do Gauss e do Einstein Floripa, as aulas são ao vivo e acontecem das 18h às 22 horas. Isabella conta que, antes de iniciarem aulas on-line, foi feito um estudo para mapear os alunos que possuem acesso à internet. Pela pesquisa, todos os inscritos teriam acesso.

As plataformas que a professora utiliza para as aulas são o Google Meet, a plataforma Eduqo,  em parceria com o Brasil Cursinhos, e também o Google drive. Para ela, a maior dificuldade é a distância, por não ocorrer interação presencial com os alunos, “Nós, docentes, sabemos quando o aluno não está entendendo muito bem a matéria e, por isso, reforçamos em sala o conteúdo. Com as aulas on-line não dá para saber isso”, disse ela.  Isabella também explica que cada aluno possui uma realidade diferente e muitas vezes não tem um ambiente adequado para os estudos. “A alternativa para suprir essa dificuldade é disponibilizar materiais de apoio e estar sempre disponível para as dúvidas”, diz Isabella. No Einstein, eles disponibilizam um horário de monitoria antes das aulas, às 17 horas. 

Isabella disse que ainda não se sabe se haverá alguma mudança no cronograma das aulas por causa do adiamento do ENEM. Os demais vestibulares, como por exemplo, UFSC e a Udesc, até o momento, não anunciaram se haverá mudanças nas provas realizadas no final do ano. 

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