Crônica #8: Só vou contar notícias positivas

Dadas tais circunstâncias, hoje eu não vou falar de coisas negativas sobre Coronavírus.

As pessoas querem ler coisas positivas. Querem ter alegria neste momento. A realidade é mais do que necessária, mas preferem a ilusão de que está tudo bem, enquanto olham para a rua e não veem diferença. Até porque não tem. As pessoas continuam andando como se nada estivesse acontecendo. 

Por causa disso, não vou falar nada sobre as previsões de cientistas de um colapso nacional do Sistema de Unificado de Saúde (SUS) com base nas escolhas dos governadores de voltarem a operar o comércio, shoppings, academias, etc. 

Também não vou falar sobre as subnotificações dos casos de Covid-19 que estão sendo ignorados pelo governo tanto federal quanto estadual. 

Não preciso comentar nada sobre estimativas que as universidades federais como a UFMG ou as internacionais como  Imperial College, falando que o número de pessoas infectadas pelo Coronavírus aqui no Brasil pode ser de oito a dez vezes mais que o que está sendo notificado. 

Também não preciso tocar no assunto que o nosso querido presidente está mais preocupado com os filhos, com sua imagem, com a briga política com o Moro ou os acordos com o “centrão” do que preocupado com um colapso no SUS, já que o Coronavírus é só uma gripezinha. Mesmo já tendo estudos levando em consideração que o vírus pode levar a derrames ou ataque cardíacos em pessoas mais jovens. 

Muito menos vou falar que o número de mortes em todos os estados aumentou e muitos não estão sendo classificados ou dados os motivos. E que mesmo que não tenha ligação direta com Coronavírus, indiretamente a causa pode ter sido a quantidade de leitos ocupados pela doença em hospitais. Por isso, um derrame ou ataque cardíaco, que era para dar tudo certo e a pessoa permanecer viva, agora é motivo de desespero e uma morte quase que eminente. Mas eu não vou falar disso.

Como eu só vou falar de coisa feliz, também não posso relevar que em algumas capitais do Brasil já estão decidindo quem deve morrer e quem deve permanecer vivo através de um sistema de pontos. Isso mesmo. Igual tabela de classificação do brasileirão, mas quem decide são os médicos. E o que está em jogo é a vida daquela pessoa. Mas também acho melhor não falar disso não.

Vale lembrar também que não posso comentar sobre a quantidade de festas e bares que voltaram a funcionar normalmente. Até mesmo contra decreto de certos governadores. Mas claro, às festas estão sendo feitas com todo o cuidado possível. Pessoas bêbadas têm total consciência das atitudes que tomam enquanto estão alcoolizadas. Não beijam em festas. Não dançam agarrados. Só se divertem afastados um dos outros, de máscara e com muito álcool gel. 

Mas já que não vou falar sobre coisas negativas,hoje vou falar sobre o sorvete que eu tomei. De morango, cremoso, bem doce. Muito bom, por sinal. Não me recordo a marca agora, mas ele me fez muito feliz naquela hora em que tomava. Me lembrou a infância e dos momentos em que brincava na rua. Sem medo de morrer. Nem medo que meus pais sofram com a doença. Saudades daquela época. E isso foi quase ontem.

Foto retirada de pixabay.com

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