O sonho de estudar no exterior

O auxílio dos programas de intercâmbio para a concretização de experiências acadêmicas fora do país

Ingressar em uma universidade é a oportunidade que os estudantes têm de adquirir aprendizado e dar o primeiro passo na busca de uma carreira profissional. A procura pelo conhecimento para alguns, não se restringe apenas em estudar no seu país de origem. Adquirir experiências atravessando fronteiras, estudar em instituições renomadas mundialmente, onde terão que lidar com professores diferentes e um sistema de ensino no qual não estão acostumados, mas que impulsiona seu repertório de aprendizagem e, além de agregar o conhecimento, resulta em uma ótima colocação no mercado de trabalho. Analisar a cultura local de um país que nunca visitou, observando a história, o idioma, as crenças, a comida, a arquitetura, enriquecendo culturalmente quem passar por essa experiência, é o sonho de estudantes que buscam o intercâmbio.

Gabriel Albano da Silva é um dos estudantes que pôde realizar essa meta. Neste momento ele reside na cidade do Porto, em Portugal, onde vivencia os desafios e maravilhas do intercâmbio de graduação. Estudante da 7ª fase de  Publicidade e Propaganda na Unisul, a experiência acadêmica no exterior era uma de suas vontades. ‘’Eu sempre tive muita vontade de ir para fora do país, para conhecer, fazer um intercâmbio e eu já tinha algumas referências de pessoas que já haviam feito isso através da Unisul, então resolvi tentar’’, conta. Para isso acontecer, Gabriel precisou passar por alguns processos. 

O estudante aproveitou os editais ofertados no site da Unisul para se inscrever. Para participar é preciso atender uma série de pré-requisitos e também solicitar o requerimento de inscrição. Veja no infográfico abaixo como funciona.

Fonte: Editais de oferta Unisul

Após ter atendido aos critérios mostrados acima, o aluno é direcionado para a próxima etapa, a pré-seleção. Nela, o estudante precisa apresentar os documentos solicitados no pré-requisito, como o passaporte válido que deve ter validade de pelo menos seis meses para além da viagem. 

Outra solicitação obrigatória é o exame de proficiência em idioma para a universidade na qual o aluno escolheu. Para o intercâmbio de graduação, a Unisul possui convênios em que o estudante pode matricular-se em instituições localizadas na Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, México e Portugal. Para ingressar nestes países, é preciso ter a proficiência comprovada, ou seja, passar por um exame que avalia o conhecimento do aluno nas línguas exigidas que são: inglesa, francesa, italiana, alemã ou espanhola. Nesse exame é avaliado a capacidade de fala e compreensão do idioma. Para a língua inglesa, utiliza-se o Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira (TOEFL) ou o Sistema Internacional de Teste de Língua Inglesa (IELTS).

Tendo a comprovação da proficiência, o aluno está apto a viajar para o país desejado, entretanto, o processo ainda não acabou. Dentre as opções de universidades ofertadas, é preciso ver qual aceita o seu curso e se há vagas disponíveis. Se acontecer de ter mais alunos que vagas, é selecionado o estudante que tiver o maior desempenho acadêmico. Os alunos que não forem selecionados, serão direcionados a escolherem outras instituições.

A universidade estrangeira podendo receber o aluno, ele irá receber um comunicado com os documentos a serem preenchidos, que geralmente inclui formulários, em que o estudante pode escolher as disciplinas que vai cursar. Há a opção de ingressar em disciplinas que poderão ser aproveitadas na Unisul, ou também disciplinas que não tem, mas que podem agregar no currículo. Para isso, é importante sentar com o coordenador do curso e analisar a grade curricular da universidade para ver o que pode ser aproveitado. Todas as atividades cursadas serão cadastradas no currículo do aluno, podendo ser validada como atividade extra aula.

Outro ponto importante, é que o aluno que for aceito também recebe a chamada carta de aceite – documento fornecido pela universidade de destino alegando que o estudante foi aceito para um determinado período e para a realização de determinadas atividades na universidade. A carta de aceite também serve para que o aluno possa tirar o visto – documento emitido pelo país de destino dando a ele permissão para entrar no país. A carta de aceite tem um custo de mil reais e essa solicitação é feita também pelo Minha Unisul. 

Ao entregar a carta de aceite para Unisul, terminou o processo. Os custos com a inscrição, passaporte, visto, carta de aceite, moradia, alimentação e  todos os gastos que diz respeito ao intercâmbio, não são fornecidos pela Unisul. Ela apenas orienta todo o processo burocrático e também ajuda o estudante a encontrar opções de lugares para morar, como residenciais universitários que possuem um custo menor. Além de isentar o aluno de pagar a mensalidade enquanto estiver fazendo o intercâmbio, mas é preciso matricular-se no semestre, mesmo estando fora. 

Depois de todas as burocracias, Gabriel escolheu então Portugal como destino. Foi sozinho, sem nenhum amigo ou familiar. Levou consigo somente a bagagem e a vontade de conhecer um novo país e tudo o que ele pode proporcionar. 

Assim que chegou na cidade do Porto, a primeira impressão que teve foi de uma região muito organizada:

– Reparei nas estradas, nas rodovias que são muito bem feitas. Chegando na cidade eu achei bem interessante, porque a cidade do Porto tem uma aparência de velha, mas tudo funciona, tudo é moderno, então foi uma coisa assim meio diferente que nunca tinha visto antes.

Gabriel vive atualmente em um alojamento de estudantes, um edifício com quatro apartamentos. O apartamento onde mora tem capacidade para três pessoas, tendo um quarto duplo e um quarto individual. O estudante divide o espaço com mais um jovem, cuja nacionalidade é portuguesa.

  Gabriel Albano da Silva na cidade de Porto, Portugal

Adaptar-se a um país onde no começo não conhecia ninguém e tendo que ser totalmente responsável e viver por conta própria, está sendo um desafio construtivo para o estudante de publicidade:

– Para mim está sendo uma experiência bem enriquecedora nesse aspecto, pelo fato de ser responsável por mim mesmo, de ter que cuidar das minhas coisas, lavar as minhas roupas, fazer a minha comida toda vez e principalmente ter liberdade, pois estou num lugar completamente desconhecido, não conhecia ninguém, e tive que me adaptar a isso. Agora já conheço muitas pessoas, no pouco tempo que eu estou. Isso me faz sentir melhor, porque quando eu cheguei aqui não conhecia ninguém, não sabia onde tinha nada, realmente tive que descobrir tudo.

Gabriel ingressou na Universidade Fernando Pessoa (UFP). Está fazendo mestrado em Ação Humanitária, Cooperação e Desenvolvimento Humano (HACD) e também algumas matérias do curso de publicidade da primeira fase, denominada Ciências da Comunicação:

– Estou gostando muito, sinto que a organização que a universidade tem é muito boa. Todos os professores sabem falar inglês e português, isso porque eles recebem muitos alunos de intercâmbio de outros lugares. Acaba se tornando um desafio maior, pois algumas coisas eles passam em inglês, então eu tenho que buscar conhecer o inglês e aprender. A plataforma que eles dispõem para conhecimento externo de publicações de livros, fornecimento de conteúdos, é muito eficaz, além da coordenação do gabinete de relações internacionais que recebem todos os alunos intercambistas. São muito solícitos, muito disponíveis e estão sempre dispostos a te ajudar, são muito receptivos.

O intercâmbio de Gabriel, teve início ainda em 2019 e tem previsão de terminar em 2020. O estudante já visitou países da América do Sul, como Uruguai e Paraguai, mas nunca vivenciando a experiência de poder unir os estudos nesse processo. O intercâmbio está sendo um ponto importante para ele na busca de desenvolvimento tanto pessoal quanto profissional.

Um país simpático, multicultural e repleto de experiências acadêmicas

A Europa é um dos destinos mais comuns para aqueles que sonham em fazer um intercâmbio. Ter a possibilidade de conhecer lugares tão diferentes entre si e ainda estudar em uma boa universidade onde possa aperfeiçoar o aprendizado na área que ama, é uma experiência acadêmica enriquecedora. 

Este era um sonho que movia Arthur Knorr. Estudante da 7ª fase de Engenharia Química na Unisul, desde que entrou na universidade tinha o objetivo de fazer um intercâmbio com o intuito de aproveitar ao máximo as experiências acadêmicas. Para onde iria e como conseguiria realizar o que tanto gostaria? Ele não sabia, apenas tinha a certeza que viajaria muitos quilômetros para chegar ao seu destino final, algum país da Europa.

Assim como Gabriel, Arthur também passou pelos diversos processos burocráticos. Para o seu curso, havia poucas opções de lugares na Europa, ele então escolheu a Finlândia. Depois de escolher o tão sonhado destino, Arthur passou também pela parte de inscrição inicial, logo após, marcou uma reunião com o funcionário da Unisul Exchange, para discutir opções e ver mais detalhes sobre todo o processo. 

A Exchange Office é o escritório de intercâmbio da universidade. Os escritórios ficam localizados nos Câmpus Pedra Branca e Tubarão. O Unisul  Exchange é responsável por auxiliar e dar um direcionamento no processo de levar os alunos interessados em estudar no exterior. 

Arthur também precisou comprovar a proficiência na língua inglesa e após conseguir o certificado Toefl, pôde então viajar os 11.893km em direção ao seu destino na Finlândia. Arthur também foi sozinho. “Na época conheci alguns outros intercambistas da Unisul que foram juntos para Portugal, mas no meu caso eu era o único aluno que estaria indo para Finlândia’’, conta. Nesta parte, o estudante já estava em contato direto com o coordenador dos intercambistas, que o auxiliaria durante sua estadia. O coordenador representava a Centria University of Applied Sciences, universidade na qual Arthur passaria alguns meses estudando. 

Assim que chegou na Finlândia, a primeira impressão que teve não poderia ser melhor:

– A primeira impressão foi de um país extremamente organizado e multicultural. Logo chegando no aeroporto, havia pessoas guiando os passageiros pelos portões e todos sabiam falar um inglês fluente, então não tive problema. Antes de ir para Kokkola, cidade onde residiria, que ficava a 500 km de Helsinki (capital) aproveitei dois dias para conhecer a cidade melhor e foi uma experiência incrível, a cidade era muito organizada e todos muito atenciosos, as principais atrações turísticas como museus eram de graça para estudantes e pude sem problemas usar minha carteirinha da União Nacional dos Estudantes (UNE) para entrar.

Foto tirada por Arthur Knorr na Finlândia 

Assim que chegou em Kokkola, o coordenador dos intercambistas levou Arthur até um dos apartamentos estudantis, onde ali residiu. O estudante dividia o espaço com outras duas pessoas. Alguns encontros foram promovidos antes das aulas na universidade começarem. Encontros estes, que foram importantes para que Arthur pudesse se adaptar melhor:

– Tivemos que chegar uma semana antes das aulas começarem e durante esse tempo eu e os intercambistas nos conhecemos com atividades desenvolvidas por alunos voluntários da universidade e o grupo de intercâmbio. Foi muito fácil a convivência com todos e achei fundamental esses encontros antes das aulas começarem para que todos já criassem um vínculo. A questão do idioma foi complicada no começo, mas depois se deu um jeito, lá na Finlândia quase todo mundo sabe falar um inglês muito bem, então era fácil se comunicar com alguém na rua, por exemplo.

A Centria University of Applied Sciences, proporcionou a Arthur uma experiência acadêmica bastante construtiva também:

– A instituição sempre esteve de braços abertos para todos os estudantes, um dado interessante era que 20% de todos os estudantes no Câmpus eram estrangeiros (o maior em todo o país) e a maioria das aulas eram lecionadas em inglês, porém também havia aulas em finlandês. A metodologia de ensino do país era muito diferente da nossa, com aulas diferenciadas, os professores eram bem mais informais e você levava muito material para pesquisar em casa. Normalmente tinha que já estudar a matéria da aula seguinte para chegar com o conteúdo mais ou menos entendido e o professor estava lá mais como um tutor. 

Além da experiência acadêmica, Arthur pode criar vínculos, que perduram até hoje. ‘’Os finlandeses no começo são muito tímidos, é difícil conversar, mas com o tempo podem virar grandes amigos, tanto é que mantenho contato com meus amigos de lá até hoje’’, ressalta. O intercâmbio de Arthur era somente de estudos, realizado em 2018, teve um tempo de duração de seis meses. Mas, o estudante pretendia ficar mais um semestre, o que acabou não acontecendo, pois teria que arrumar um emprego para poder permanecer, entretanto não bastava só saber o inglês, outras exigências eram pedidas:

– Diferente de Portugal ou Irlanda por exemplo, em que você pode trabalhar em lojas ou como garçom, na Finlândia isso era impossível, pois somente o inglês não bastava. Era preciso saber sueco e finlandês fluentes – o país possui duas línguas oficiais, sueca e finlandesa – dessa forma, restavam empregos mais informais como na área da limpeza ou se você conhecesse alguém que te oferecesse alguma outra coisa, só que a cidade tinha muitos estudantes então os empregos que tinham eram bem concorridos.

O intercâmbio na Finlândia, foi a realização da experiência acadêmica que Arthur tanto queria vivenciar. Levou consigo muito aprendizado e um pouco da cultura de um país que valoriza o próximo. ‘’Acredito que adquiri um sentimento de ser mais correto em minhas ações e confiar mais nos outros, lá isso era muito valorizado e não havia muita desconfiança entre as pessoas, coisa que eu acho que no Brasil há muito’’, conclui.

As inscrições para o intercâmbio de graduação já foram encerradas para 2019. No último edital, 14 estudantes foram classificados na lista de pré-selecionados, destes um estudante é do Câmpus Tubarão, 11 do Câmpus da Grande Florianópolis e dois do Câmpus da Unisul Virtual. Por semestre, há uma média de 30 alunos que participam do programa.

Intercâmbio para todos

Para realizar o sonho de fazer um intercâmbio de graduação, além de estar regularmente matriculado em uma universidade, ter média acadêmica aceitável e cumprir as diversas burocracias necessárias, um fator é imprescindível para a concretização de estudar fora do país, o dinheiro.

Ter vida financeira estável possibilita ao estudante conseguir fazer a inscrição, o passaporte, o visto, comprar as passagens, emitir a carta de aceite, ter um bom lugar para morar e se manter. Mas quando o aluno não tem dinheiro nem para a taxa de inscrição? Acabaria ali o sonho dele de fazer um intercâmbio?

Em julho de 2011, durante o governo Dilma Rousseff, o programa Ciência sem Fronteiras foi criado como uma forma de ajudar esses estudantes. Com o auxílio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e outras empresas parceiras, tinha o objetivo de oferecer bolsas de iniciação científica e incentivar projetos científicos para contribuir na formação acadêmica do estudante nas melhores universidades do exterior.

Eram distribuídas bolsas para cursos de graduação e pós-graduação, como mestrado, doutorado, pós-doutorado e jovens cientistas que se destacam. No entanto, em 2014, o programa para graduação encerrou, motivado por altas dívidas. Em abril de 2017, o Ministério da Educação (MEC), anunciou o encerramento definitivo do programa para graduação, afirmando que a iniciativa permaneceria para os cursos de pós. De 2012 a 2016, o Ciência sem Fronteiras financiou 93 mil bolsas de estudo integrais para estudantes brasileiros no exterior, sendo 73% destinado à graduação.

A Unisul também propõe uma iniciativa que visa ajudar os estudantes que não têm condições financeiras de fazer um intercâmbio. Em parceria com o Santander, oferece a bolsa Ibero-americana – Santander Universidades, com o intuito de proporcionar um intercâmbio de estudos totalmente gratuito. 

A bolsa Ibero-americana, oferta uma vez por ano a possibilidade do estudante fazer um intercâmbio entre o Brasil e universidades de três países da região Ibero-América: Argentina, Chile e México. O valor da bolsa é de R$ 12.630,90 ou € 3.000,00 se converter em euros. 

Infelizmente, são ofertadas apenas duas vagas que não se restringem apenas a alunos economicamente carentes. As duas bolsas são disputadas entre estudantes inscritos no programa e matriculados em um dos campi da Unisul (Tubarão, Grande Florianópolis e Unisul Virtual).

Para participar primeiro o estudante precisa estar regularmente matriculado em qualquer curso de graduação. Precisa ser brasileiro nato ou naturalizado, e maior de 18 anos. Também deve possuir no mínimo 35% da carga horária total do curso e ter uma média geral no histórico de graduação igual ou superior a 8,0. Após passar pelos critérios de participação, se for pré-selecionado, para disputar uma das vagas na classificação, é preciso atender as ordens de relevância que são: ter a maior média no histórico de graduação, ter o menor número de disciplinas a cursar registradas no histórico e ser o mais velho.

Caso atenda os critérios de relevância, o aluno passa para fase de classificação, em que pode ter a indicação da Unidade de  (Tubarão, Grande Florianópolis ou UnisulVirtual), que está matriculado, a fim de que os dois alunos selecionados, não pertençam ao mesmo local. 

Ao ser indicado, o aluno está oficialmente participando do Programa e, ao apresentar toda a documentação, poderá utilizar a bolsa Ibero-americana – Santander Universidades, para estudar na universidade solicitada com a duração de um semestre letivo.

As inscrições deste ano para a bolsa já encerraram, abre sempre no meio do ano. Nesta edição, 26 estudantes foram pré-selecionados, sendo 15 do Câmpus da Grande Florianópolis, 12 de Tubarão e um da Unisul Virtual. Os dois selecionados deste ano, foram de Tubarão e Grande Florianópolis, sendo respectivamente dos cursos de Engenharia Civil e Psicologia.

Todas as informações sobre prazos e próximos editais podem ser acompanhadas no site da Unisul na aba internacional. Confira também a entrevista com a representante da Exchange Office na Pedra Branca, Letícia Trindade Ferreira, que conta sobre outros programas de intercâmbio que a Unisul oferece.

Entrevista com Letícia Trindade Ferreira

Kiara Silva
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