Há 13 anos um grupo de voluntários, com apoio de alguns empresários, celebra duas ocasiões no dia 12 de outubro: o dia de Nossa Senhora Aparecida e dia das crianças

Já ouviu falar sobre a comunidade Frei Damião? A região de aproximadamente 30 mil m², em Palhoça, vive sem serviços essenciais desde o fim da década de 1980, quando ainda pertencia a São José e começou a receber moradores de regiões carentes e de outras partes do Estado. O contraste com o bairro vizinho Pedra Branca, o mais nobre da cidade, é evidente. Enquanto a Pedra Branca e considerada sustentável, tem oferta própria de água e ruas asfaltadas, o Frei Damião carece de ruas calçadas, de iluminação e de mais uma série de serviços públicos.

 Para a realização desta matéria, estive  na comunidade do Frei Damião conhecer um pouco da sua realidade e conversar com dois dos oito idealizadores da festa, Jairo Guesser, o Alemão, e Hallan Faustino. Fui recepcionada na casa do Jairo, uma casa simples e acolhedora, para uma conversa cheia de emoções. 

Há 13 anos o empresário de Palhoça, Laudir Schmitt, sofreu um grave acidente e já estava há muito tempo no hospital, quando os médicos decidiram que seria preciso amputar uma perna. Durante a noite, o empresário fez uma promessa à Nossa Senhora Aparecida que, se não fosse amputada a perna, ele faria uma festa para 400 crianças. A perna não precisou ser amputada e o  fato chegou a causar estranheza entre os médicos por conta rápida melhora, relatou Alemão.

Assim que saiu do hospital, Laudir entrou em contato o representante do bairro Frei Damião, Jairo, oferecendo ajudar para organizar a festa, que foi realizada fora do bairro, na Pedra Branca. Foi um dia chuvoso, porém de muita alegria. Mas como a distância entre as comunidades ficava inviável para realizar as próximas festas, pois dependiam de transportes de terceiros para o deslocamento, Jairo conversou com seu Laudir e deu a ideia de realizar a festa no Frei Damião. 

De lá pra cá, a festa é realizada no bairro, contando com parceiros e voluntários. Laudir ficou na organização da festa durante 10 anos e, hoje, atua como parceiro. O Alemão tomou a frente da festa com mais oito amigos na organização e aproximadamente 200 voluntários.

Hallan é um dos organizadores e reforça que a festa não possui nenhum vínculo político. Tudo é feito por meio de doações dos empresários da região. As doações, que no início eram difíceis de serem arrecadadas, são solicitadas através de um ofício que os organizadores entregam às empresas. Este ano, para ajudar na arrecadação de dinheiro, foi realizado um jantar dançante na comunidade. Os organizadores mantém um grupo no WhatsApp onde anunciam e comemoram cada doação.

A festa acontece hoje para aproximadamente 3.500 crianças dos bairros Frei Damião, Jardim Eldorado, Brejaru e Vila Formosa e conta com uma procissão em que o padre abençoa a festividade. Durante a festa, elas podem usufruir de brincadeiras, cama elástica, piscina de bolinhas e da comida que é servida. Tudo à vontade. 

Jairo reforça que as pessoas podem doar também brinquedos usados em bom estado. “Se você tem um brinquedo em bom estado e quiser doar, entre em contato. Infelizmente a gente não consegue pra todos, mas com o pouco que ganhamos já fazemos a alegria das crianças, toda ajuda é bem vinda”.Tanto um quanto o outro falam que “de uma desgraça, a festa se tornou uma graça e uma tradição. É gratificante ver o olhar das crianças e a alegria delas”. A transparência nos gastos é algo primordial para os organizadores. Eles reforçam que, sem transparência, não conseguem realizar as próximas festas. Para colaborar e até mesmo saber mais sobre este evento, você pode entrar em contato com Jairo no telefone (48) 99132-9345 e com Hallan (48) 99999-9701. A festa será realizada na Escola Básica Frei Damião, no dia 12 de outubro, das 8h às 17h. 

Suelen Conrado